Salvo grandes interferências climáticas, a próxima safra deverá chegar a 59 milhões de toneladas – região é a única do país com perspectiva de forte expansão.
É verdade que a atual safra agrícola não está lá muito boa para os agricultores brasileiros, que deverão experimentar queda de 8% na comparação com o ano passado. No entanto, na região sul, os produtores já se preparam para crescer entre 8% e 10% em 2010. O número revela um salto e tanto quando se observa revés de 13,6% previsto para 2009. As estimativas são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou esta semana seu mais recente levantamento. Conforme o estudo, o sul anda na contramão das demais regiões do país: o centro-oeste, por exemplo, deverá manter as mesmas 49 milhões de toneladas atuais em 2010. Já no sudeste, a tendência é de queda de 3,7%, para 17 milhões de toneladas.
Para o consultor de agronegócio Silmar Müller, os produtores do sul foram impactados por dois fatores que acabaram comprometendo a safra de 2009: clima e crise econômica. “Foi uma sucessão de problemas. Primeiro houve secas e geadas, depois as enchentes e a crise, que acabaram comprometendo a oferta de crédito para o plantio”, diz Müller. Agora, com a retomada da economia brasileira, a tendência é de que haja uma melhora geral no setor. Nunca o ditado “depois da tempestade, a bonança” foi tão propício para o sul, celeiro do setor primário brasileiro. Para Müller, as produções do sul e do centro-este deverão praticamente empatar em 2009, um pouco abaixo das 50 milhões de toneladas. Tomando como base as previsões da Conab para 2010, o sul deverá, então, ultrapassar seu principal “concorrente.
Responsáveis por mais de 80% da área plantada brasileira, a soja, o milho e o arroz enfrentaram situações bem distintas em 2009 – e que deverão impactar no plantio da próxima produção. No sul, os produtores de milho (concentrados no Paraná) sofreram não só com as intempéries e com o fechamento das torneiras do crédito: “Havia grandes estoques da safra anterior e, mesmo com a seca, sobrou muito milho. Além disso, houve recuo da demanda mundial e queda nos preços”, observa o consultor. Em função da baixa valorização da commodity, as lavouras de soja deverão ocupar parte da área que era destinada ao cereal. “Os preços da soja se mantiveram relativamente elevados”, avalia Müller. Já o arroz, que, na opinião do consultor, “teve uma produção fantástica no Rio Grande do Sul” em 2009, deverá recuar levemente em 2010. “Tem arroz demais”, finaliza Silmar Müller.