Apesar do baixo crescimento econômico de 2012, quando o PIB aumentou apenas 3,5%, o sistema financeiro paraguaio continuou vigoroso, com aumento real de 8% nos créditos, mantendo a mais baixa taxa de inadimplência da região, apenas 2%, em dezembro do ano passado.
No acumulado do ano, o sistema financeiro guarani fechou com USD 13,4 bilhões em créditos, equivalentes a 23% do Produto Interno Bruto.
Como efeito de comparação, em 2002 os créditos totalizavam apenas USD 1,6 bilhões.
Comparativo Paraguai com outros países
Créditos do sistema financeiro, ao final de 2012. Milhões de dólares.
Saldo de créditos brutos | %sobre o PIB | Inadimplência | |
Brasil | 1.150.000 | 51% | 5,4% |
Argentina | 76.000 | 18% | |
Paraguai | 13.400 | 23% | |
Uruguai | 13.200 | 26% | 3,1% |
Fontes: Paraguai: Banco Central do Paraguai e INCOOP (cooperativas de crédito).Uruguai: Banco Central do Uruguai. Argentina Banco Central da República Argentina. Brasil: Banco Central do Brasil.
Crescimento foi de 735% em dez anos
Para que se tenha uma ideia do crescimento do setor, o total de créditos mais que setuplicou na última década, tendo sido o dobro do crescimento do crédito no Uruguai.
Em 2002, o sistema financeiro uruguaio havia fechado o ano com saldo de USD 4,2 bilhões em créditos, e o paraguaio, em USD 1,6 bilhões.
Esta evolução impressionante do sistema financeiro paraguaio deve-se principalmente à retomada do crescimento econômicono ritmo acima de 7% anual desde 2003, como havia ocorrido no período 1972-1998.
Mais importante ainda é a manutenção de uma baixa taxa de inadimplência, perto de 65% menor do que no Brasil.
Lucro é 35% maior do que no Uruguai
Finalmente, mas não menos importante, é a lucratividade do sistemafinanceiro paraguaio.
Em 2012, todo o sistema (bancos, cooperativas de crédito e financeira), somou um lucro pouco superior a USD 400 milhões, com uma rentabilidade sobre o patrimônio de 31%, enquanto no Uruguai, o lucro do sistemaascendeu a USD 300 milhões.
Perspectivas pra 2012
Para este ano, a previsão é voltar a um crescimento de 25% ou mais na concessão de créditos, uma vez que o crescimento econômico estimado é de pelo menos 8%, com a produção de grãos e carne girando quase USD 10 bilhões internamente.
Além disso, os maiores bancos paraguaios, como Regional e Continental, estão colocando, juntos, USD 400 milhões em bônus no mercado internacional, para captação de dinheiro fresco para créditos de longo prazo.
Tão importante quanto é o inicio de operação do Banco Cooperativo-BANCOOP, formado pelas maiores cooperativas de produção paraguaias, inaugurado em 2012 e que deverá absorver parte importante dos depósitos e créditos do setor agropecuário nacional.
Bancos locais já controlam 2/3 do mercado
Em relação ao sistema bancário, uma mudança radical ocorreu nos últimos anos.
Em 2002, quase 70% dos depósitos e créditos bancários eram controlados por entidades estrangeiras.
Já em 2012, os bancos locais eram responsáveis por 65% das atividades.
Esta mudança ocorreu principalmente devido à aposta feita pelas entidades financeiras paraguaias na produção – indústria e comércio-, assim como microcrédito, enquanto as entidades estrangeiras, como Itaú e BBVA, concentraram-se no crédito ao consumo.
Tendo em vista o dinamismo da economia paraguaia, com crescimento médio acima de 7% anual, e o melhor entendimento da dinâmica local, os bancos paraguaios chegaram ao domínio do mercado local em pouco tempo.
Entretanto, ainda há muito espaço, uma vez que a participação dos créditos sobre o Produto Interno Bruto é menos da metade do Brasil, o que significa oportunidades para os bancos nacionais.